Batizado de Experimental Advanced Superconducting Tokamak (EAST), o poderoso reator quebrou o recorde obtido em 2017, quando mantiveram o plasma aquecido a 120 milhões de graus por um período de 101 segundos.
Diferentemente da fissão nuclear, que rompe a matéria atômica para liberar energia, a fusão nuclear envolve a fusão dos átomos. De acordo com Song Yuntao, pesquisador chefe do Instituto de Física de Plasma da Universidade de Pequim, no processo de fusão não há criação de lixo tóxico e não há risco de derretimento como em um reator nuclear tradicional. No entender de Yuntao, a fusão proporciona uma fonte quase ilimitada de energia.
O maior problema para obter a fusão controlada é que as condições necessárias são encontradas apenas no interior das estrelas, como nosso Sol. No interior de um reator do tipo Tokamak o hidrogênio em forma de gás é submetido a um calor e pressão extraordinários até atingir a incandescência, quando então é chamado plasma, com temperatura mais quente que no núcleo do Sol.
Para impedir que o gás atinja a parede do reator são usados campos magnéticos extremamente poderosos, cuja energia consumida é maior que a energia gerada no processo. Isso tornas inviável a produção de energia e é justamente por isso que existe uma corrida mundial para melhorar o tempo de permanência do plasma, na tentativa de fazer os reatores do tipo Tokamak produzir mais energia do que consomem.
Existem algumas controvérsias em relação aos recordes obtidos. Enquanto a China reivindica o maior tempo do plasma sustentado - cerca de 17 minutos, a Alemanha afirma que a reação mais eficiente foi produzida por eles, quando produziram um gigajoule de energia. Os EUA também estão na corrida e reivindicam para o país a primeira produção líquida de energia positiva a partir de uma fusão reação, ou seja, conseguiram produzir mais energia que o gasto.
Medindo 1.85x0,45 metros, o bloco toroidal principal do EAST pesa cerca de 3.5 toneladas e fica confinado no interior de uma câmara de vácuo onde o plasma confinado é aquecido por uma corrente elétrica que pode chegar a 1 mega ampere.
Nomeado oficialmente como EAST (Tokamak Supercondutor Experimental Avançado), o experimento chinês é primeiro dispositivo tokamak a empregar ímãs supercondutores toroidais e poloidais. Com essa topologia, os cientistas chineses esperam produzir pulsos de plasma de até 1000 segundos de duração.
Para quem não sabe, tokamak é um dispositivo que usa um poderoso campo magnético para confinar o plasma (gás em alta temperatura) na forma de um toroide. Foram inicialmente concebidos em 1950 na União Soviética, pelos físicos Igor Tamm e Andrei Sakharov. O primeiro tokamak entrou em funcionamento em 1958, em trabalho conduzido por Natan Yavlinsky.
O tokamak é um dos vários tipos de dispositivos de confinamento magnético sendo desenvolvidos para produzir energia de fusão termonuclear controlada.
Atualmente, EUA, União Europeia, Rússia e China fazem parte do consórcio internacional ITER, que visa a construção do maior reator de fusão nuclear controlada já concebido. O objetivo será tentar injetar 50 MW de potência para obter plasma de até 500 MW de energia por períodos entre 400 a 600 segundos.