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29 Jun
Apolo11

O que está por trás da perda de brilho da estrela Betelgeuse?

Apolo11.com
Rogério Leite29 Jun 2020
Desde outubro de 2019 até muito recentemente, a estrela super-gigante vermelha Betelgeuse sofreu uma brutal queda em seu brilho, deixando-a de fora das 20 estrelas mais brilhantes do céu noturno. Ninguém sabe ao certo a causa do apagamento de Betelgeuse, mas novas pesquisas revelam o que pode ter acontecido.

Imagens registradas pelo instrumento SPHERE, do telescópio VLT, da ESO, no Chile, mostra a diminuição do brilho de Betelgeuse, entre janeiro e dezembro de 2019. Crédito: ESO/VLT.
Imagens registradas pelo instrumento SPHERE, do telescópio VLT, da ESO, no Chile, mostra a diminuição do brilho de Betelgeuse, entre janeiro e dezembro de 2019. Crédito: ESO/VLT.

Betelgeuse é uma estrela do tipo variável e seu brilho aumenta e diminui em ciclos de centenas de dias. No entanto, a queda de luminosidade observada nunca foi tão profunda, o que a deixou 2.5 vezes menos brilhante do que o habitual.

Inicialmente, especulou-se que esse aumento na magnitude (diminuição de brilho) fosse causada pela liberação de muita poeira que bloqueou parte da emissão luminosa, mas observações publicadas no periódico The Astrophysical Journal Letters não sustentaram essa teoria, uma vez que o escurecimento foi observado linearmente em diversos comprimentos de onda, desde o infravermelho até a luz visível e isso não aconteceria se o motivo fosse a poeira ejetada.

Imagens da estrela registradas no final de 2019 mostram que as mudanças no brilho não se distribuía de forma homogênea, o que contribuiu para que a teoria das manchas ganhasse força. Observações recentes mostram as "falhas" na emissão luminosa podem estar cobrindo entre 50 e 70% da superfície de Betelgeuse.

Localizada a cerca de 700 anos-luz de distância, Betelgeuse é vinte vezes mais massiva que o Sol e aproximadamente mil vezes maior. Se estivesse no Sistema Solar, sua superfície quase alcançaria a orbita de Júpiter.

"Em nosso Sol, as manchas solares vêm e vão regularmente e se intensificam durante o máximo solar, fase de intensa atividade que ocorre a cada onze anos. O problema é que ainda não se sabe exatamente como as manchas funcionam em outras estrelas, especialmente em estrelas evoluídas como Betelgeuse", disse Dharmawardena.

Betelgeuse sempre apresentou variações de brilho e em alguns momentos também apresentou escuridão aumentada, embora não ao nível observado recentemente. O ciclo primário dura cerca de 420 a 430 dias e os pesquisadores estão interessados em saber como será o próximo mínimo.

“As observações nos próximos anos nos dirão se a forte queda no brilho de Betelgeuse está relacionada a um ciclo pontual. De qualquer forma, Betelgeuse continuará sendo um objeto empolgante para estudos futuros”, conclui Dharmawardena.