O número foi divulgado pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration, dos EUA), com base em registros feitos diariamente pelo Observatório de Mauna Loa, no Havaí, além de amostras de ar de uma rede de centenas de observatórios ao redor do mundo. Segundo o órgão, este número supera em 2.4 ppm (partes por milhão) o valor registrado no ano de 2019, quando a concentração de CO2 atingiu o pico histórico.
"O progresso na tentativa de redução das emissões de CO2 nos últimos tempos não é visível nos registros", disse Pieter Tans, cientista sênior do Laboratório de Monitoramento Global da NOAA.
Devido à retração econômica causada pela pandemia global da Covid-19, as emissões diárias de CO2 na maioria dos setores humanos foram muito menores em 2020. No entanto, isso não se reflete na medição feita em Mauna Loa e pode não fazer nenhuma diferença a longo prazo. Segundo Tans, embora a redução tenha sido dramática nos meses de março, abril e maio, não é uma tendência de longo prazo e com a flexibilização das medidas de bloqueio é improvável que seja continuada.
Para Ralph Keeling, que dirige o programa de Oceanografia Scripps em Mauna Loa, muitas pessoas podem se surpreender ao saber que a resposta ao surto de coronavírus não contribuiu para baixar os níveis de CO2. “O acúmulo de CO2 é parecido com o lixo em um aterro sanitário. À medida que continuamos emitindo, ele continua se acumulando. A crise apenas diminuiu as emissões por um tempo, mas não o suficiente para ser perceptível em nossos registros", explicou Scripps.
Ali, as observações começaram a ser feitas em março de 1958, quando o cientista David Keeling, na época ligado ao Scripps Institution of Oceanography, começou a medir o CO2 atmosférico. O gráfico resultante das análises de Keeling passou a ser chamado de Curva de Keeling.